segunda-feira, 19 de abril de 2010

Nova Vida, Novos Caminhos


Diferentemente da seletiva de tripulantes da "vermelha" no começo do ano, o dia da primeira fase da seletiva de uma outra grande cia aérea da América do Sul chegou calma. Tudo transcorreu tão naturalmente que não me afligi pela possibilidade de não ser aprovado. Mas fui, para meu alívio. 
Cético, ateu e pessimista, mas dotado de uma força de vontade contagiante, acabei passando na segunda fase também, uma semana depois. No dia seguinte aconteceria a terceira e última fase da seletiva, um exame de capacidade física. Mas eu já me sentia um vitorioso por ter chegado tão longe.
Gosto muito da estética da Umbanda, talvez pela simplicidade e a humildade sábia que ela carrega consigo. E nos dias que antecederam a primeira fase da seletiva me senti muito ligado à figura de Seu Zé Pelintra... Sou cético, mas não sou insensível ao Mundo.
No dia seguinte, horas antes do exame médico, resolvi almoçar cedo para pegar o restaurante vazio e menos tumultuado. Quando sentei-me à mesa, noto um senhor bem velhinho, aparentemente com seus 90 anos, de boina e bigode bem aparado, aproximando-se com seu prato para almoçar. Acenou para mim com a cabeça e sentou-se numa mesa à frente da que eu estava. De frente para mim, puxou conversa. Conversamos durante o almoço todo; falamos sobre conhecimento e existência - ouvi muito mais que falei -, mas a máxima do colóquio foi quando me disse que "a vida é curta para ser pequena". Me senti emocionado na maior parte do tempo, amiúde me segurando para não deixar lágrimas caírem. Tratava-se de um senhorzinho lúcido, comunicativo e que sabia do tamanho que o conhecimento ocupa na Vida de todos nós.
Ao me despedir, ele agradeceu pela companhia e que estava muito feliz por ter encontrado um novo amigo.
No final da tarde, enquanto eu voltava já com o resultado do exame médico em mãos, caía uma chuva malandra. Finalmente eu estava aprovado para compor o quadro de tripulantes de uma das maiores cias aéreas da América do Sul.
Tive a sensação de uma daquelas noites frescas e calmas de outono em torno de mim, embora São Paulo, lá fora, estivesse molhada e gelada!
O ar frio em dias de céu de brigadeiro e o crepúsculo vespertino do Outono... esses sim formam o meu verdadeiro religare.

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